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quinta-feira, 4 de junho de 2015

Historia dos Hit´s/Musicas - Parte 3

Desde o ano de 1948 alguns homens lutavam para romper com o regime racista e segregacionista que vigorava na África do Sul. Com certeza, uma dessas figuras mais importantes foi o ativista Steve Bantu Biko, que durante os anos 1970, no auge do apartheid, se tornou uma das mais importantes vozes negras contra este sistema deplorável do apartheid. Por suas palavras e por sua força, Biko foi morto. Em Setembro de 1977 foi preso pela polícia sul-africana e espancado até a morte por quase uma semana em uma penitenciaria. Biko morreu, mas sua mensagem foi transmitida. Assim, três anos após a sua morte, o cantor inglês Peter Gabriel, ex-líder da grande banda Genesis e com certeza um dos artistas mais ativos e politizados da história da música, compôs a música “Biko” em sua homenagem, de modo a lembrar a sua vida, sua morte e os horrores do vigente apartheid. A Música é curta, mas é de uma beleza imbatível. Na primeira estrofe da música, Peter Gabriel canta: Setembro de 1977 Clima agradável no Porto Elisabeth A rotina era a mesma Na sala policial 619. De imediato percebemos que a primeira estrofe se refere diretamente a prisão de Steve Biko naquele dito mês de Setembro de 1977, em Porto Elizabeth, na África do Sul. Gabriel deixa claro também que a prisão do ativista e de outros tantos era de natureza normal naquela conjuntura de opressão, assim “a rotina era a mesma”. Nas duas estrofes seguintes, Gabriel continua: Oh, Biko, Biko, Por que Biko? Oh, Biko, Biko, Por que Biko? Yihla Moja, Yihla Moja – O homem está morto. Quando tento dormir à noite Meus sonhos são vermelhos Lá fora o mundo é negro e branco Com apenas uma cor morta. Nestes versos, além das lamentações pela Morte de Biko, Gabriel demonstra, por meio de metáforas entre as cores negra e branca, a violência a que sofriam as pessoas negras na África do Sul. Nos sonhos deles, o sangue aparece, e nesse mundo segregado, se torna aparente que esse sangue jorrado são das pessoas negras, massacradas pelo regime do apartheid. É a cor negra quem morre diante dessa violência. Na penúltima estrofe da música, Peter Gabriel informa quase como um manifesto: Tu podes assoprar uma chama Mas não podes fazê-lo com uma fogueira Uma vez que as fagulhas incendeiam algo O vento as tornará maiores Oh, Biko, Biko, Porque Biko? Ou seja, a mensagem é: vocês podem ter matado Biko (a chama), mas a fogueira (suas mensagens) vocês não conseguirão apagar. Muito pelo contrário, de certo, a morte de Biko ajudou a potencializar as suas mensagens e a luta contra o apartheid, na medida em que cada vez mais os olhares externos se voltaram a realidade sul-africana. E por fim, na derradeira estrofe da canção, Gabriel reforça esta questão: Yihla Moja, Yihla Moja – O homem está morto. E os olhos do mundo agora estão vigilantes. Biko está morto, porém os olhos do mundo agora estão voltados a África do Sul. Além da música de Gabriel, outras tantas homenagens foram feitas a Biko, como a película “Cry Freedom” dirigida por Richard Aftenborough no ano de 1987, a qual retrata a história de vida e de luta deste grande ativista político. De certo, esta grande canção de protesto de Peter Gabriel ajudou a tornar sempre viva a memória e a mensagem deste que foi um dos grandes ativistas sul-africanos na luta contra o famigerado regime do apartheid. Biko is alive!